quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

João bobo A história

Todos conhecem o João-bobo – aquele brinquedo que por mais que seja empurrado, retorna à posição vertical. Voltando a nossas plagas, é impossível não observar a semelhança entre o João-bobo e as sucessivas manobras, para citar as mais recentes: O Confecom, o PNDH3 e o Encontro da cultura, que trazem embutido, debaixo de um palavrório confuso, o desejo de amordaçar a imprensa. Sob o rótulo de "controle social" ou "instrumento transversal das políticas públicas e de interação democrática", fórmulas que em si nada dizem, está o perigo de vermos conquistas democráticas e constitucionais virarem pó.
Rejeitadas, retornam sempre sob diferentes roupagens.
Não faz sentido um simples dar de ombros. Não estamos à frente de um bricabraque ideológico, embora o excipiente desse veneno pareça inofensivo, e sim, de uma tentativa de burlar a vigilância da sociedade, uma espécie de "vai que um dia dá certo". O desejo de "orientar, fiscalizar e controlar" a mídia já foi explicitado. A ameaça aí está. Essas repetidas tentativas, às vésperas das eleições devem ser neutralizadas. A embalagem não consegue camuflar as intenções que pretende ocultar. Entende-se a pressa em fazer passar essa aberração ainda nesse governo, já que o amanhã pode não ser tão favorável.
Para voltar ao PNDH3, é bom lembrar que o seu conteúdo foi apresentado para a assinatura presidencial, após passar por um displicente – na melhor das hipóteses – crivo da Casa Civil, órgão chefiado pela candidata oficial.
Por outro lado, na campanha eleitoral – já em pleno andamento, apesar das inevitáveis negativas e da inércia dos órgãos aos quais caberia impedi-la – procura-se criar a sensação de que qualquer outra solução que não seja a escolha da ministra Dilma Rousseff, levará 'esse país' a um desastre marcado pela perda de conquistas às quais se associa perversamente a indefectível – e consagrada, apesar de geralmente falsa – fórmula: "Nunca antes na nossa história". Obviamente o “nunca antes” é aplicável em diversas situações, por exemplo: Nunca antes na história deste País contamos com mais de 190 milhões de habitantes.
Catástrofes inenarráveis estariam a nossa espera: um mar de privatizações engolfando as estatais (e seus quadros dirigentes, de competência variável e orientação política bem definida), o término dos programas assistenciais e... cúmulo da desgraça, o fim do PAC. Tudo isso daria lugar a uma administração pautada pelos mandamentos do tenebroso Consenso de Washington – não importa se poucos sabem o que é o tal Consenso. Um bando de vândalos, perto dos quais os cavaleiros do Apocalipse não passam de inocentes coroinhas, tudo espezinharia. Acena-se com um retrocesso inevitável, a menos que – Heureca ! – elejamos a escolhida do Nossopresidente.
Michelangelo, se vivo, esculpiria, sem sombra de dúvida, uma nova Pietá. Já imaginaram, a mãe do PAC segurando no colo o filho retardado – porque precoce, com certeza, ele não é – cuja existência, segundo ela, corre sério perigo, caso o pleito presidencial aponte como vencedor "um-que-não-seja-dos-nossos".
Espalhar uma imagem distorcida das conseqüências nefastas dos atos de algum preposto de Satanás, ungido pelas urnas parece ser a tônica das mensagens a martelarem as mentes dos eleitores. Falsificar é uma arma que muitas vezes deu certo. Desmistificar é preciso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário